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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Discurso do Papa Pio XII sobre o Rosário


Rosário

São Domingos de Gusmão
O rosário, segundo a etimologia própria da palavra, é uma coroa de rosas; encantadora coisa, que em todos os povos representa uma oferta de amor e um sinal de alegria. Mas estas rosas não são aquelas das quais se adornam apressadamente os ímpios, dos quais fala a Sagrada Escritura "Coroemo-nos de rosas - exclamam eles -, antes que murchem". As flores do rosário não se envilecem; o seu frescor é incessantemente renovado pelas mãos dos devotos de Maria, e a diversidade das idades, dos países e das línguas dá àquelas rosas a variedade de suas cores e de seus perfumes.

Queremos que aumente a devoção ao Santo Rosário de Maria, devoção a que a piedade ligou-se por tantas recordações e que se harmoniza tão bem com todas as circunstâncias da vida doméstica, com todas as necessidades e disposições de cada membro da família.

Rosário dos novos esposos, que um ao lado do outro recita na aurora da nova família, diante da vida que se abre com as suas alegres previsões mas também com os seus mistérios e com as suas responsabilidades. É tão doce na alegria destes primeiros dias de intimidade total colocar em tal modo esperanças e propósitos do futuro sob a proteção de Virgem toda pura e potente, da Mãe amante e misericordiosa, cujas alegrias, dores e glórias passam diante dos olhos da alva devota, enquanto se seguem as dezenas de ave-marias, rememorando os exemplos da mais santa das famílias!

Rosários das criançasrosário dos pequenos, que tendo entre os seus minúsculos dedos ainda inexperientes os grãos da coroa, repetem lentamente, com aplicação e esforço, mas também com amor, os pai-nossos e ave-marias, que a mãe pacientemente lhes ensinou, errando, é verdade por vezes hesitem, confundem-se; mas é tão confiante o candor de seus olhares que fixam sobre a Imagem de Maria, daquela na qual já sabem reconhecer a sua grande Mãe do céu! Pois será o rosário da primeira comunhão, que tem um lugar a parte entre as recordações daquele grande dia; belo, mas não tanto quanto, por vezes devem ser. Belo rosário, mas não apenas um vão objeto de luxo, mas pelo contrário o instrumento que ajuda a orar e lembra, tornando presente ao pensamento: Maria.

Rosário da jovem, já grande, alegre e serena, mas, ao mesmo tempo, séria e pensativa do seu futuro; que confia a Maria, Virgem Imaculada, prudente e benigna, os desejos de dedicação e o dom de si, que ela sente desabrochar no coração; ora por aquele jovem, ainda desconhecido para ela mas conhecido por Deus, que a Providência lhe destina, e ela queria semelhante a si cristão fervoroso e generoso.

Este rosário, que ama recitar aos domingos, juntamente com as suas companheiras, devera durante a semana recitá-lo talvez entre os cuidados da casa, ao lado da mãe, ou entre as horas de trabalho no escritório ou no campo; quando tiver um momento para ir à humilde igreja mais próxima.

Rosário do jovem, aprendiz, estudante, agricultor, que se prepara, trabalhando corajosamente, para ganhar um dia o pão para si e para os seus, coroa que ele conserva preciosamente, como uma proteção daquela pureza que quer levar intata ao altar no dia das núpcias; rosário que recita sem respeito humano nos momentos livres para o recolhimento e a oração; que o acompanha sob o uniforme militar, em meio das fadigas e das lutas da guerra, que aperta uma última vez, no dia em que a pátria talvez lhe peça o supremo sacrifício, e que os seus companheiros de armas encontrarão comovidos entre os seus dedos frios e sangrando.

Rosário da mãe de famíliada operária ou da camponesasimples, sólido usado já desde muito tempo, que ela não poderá talvez pegar senão à tarde quando, bem cansada de sua jornada, encontrará ainda em sua fé e no seu amor a força de recitá-lo, lutando com o sono, para todos os seus caros, por aqueles especialmente que sabe mais expostos a perigos da alma ou do corpo que teme tentados ou aflitos, que vê com tanta tristeza se afastarem de Deus. Rosário da mulher do mundo, talvez mais rica, mas muitas vezes carregada de preocupações e de angústias ainda mais pesadas.

Rosário do pai de famíliado homem trabalhador e enérgico, que jamais esquece de trazer consigo a sua coroa, juntamente com a caneta-tinteiro e o caderninho de notas; que, grande professor, renomado engenheiro, célebre clínico, advogado eloqüente, genial artista, agrônomo experiente, não se envergonha de recitá-lo com devota simplicidade nos breves momentos arrancados à tirania do trabalho profissional, para ir retemperar a alma de cristão na paz de uma igreja, aos pés do tabernáculo.

Rosário dos velhosvelha vovó, que faz incansavelmente correr as contas entre os dedos enrugados, no fundo da igreja, até quando ela para ali puder arrastar-se com suas pernas enrijecidas, ou durante as longas horas de forçada imobilidade sobre a cadeira, ao lado do fogãoVelha tia, que todas as suas forças consagrou ao bem da família, e agora, aproximando-se o término de sua vida, toda empregada em boas obras, alterna, inexaurivelmente, em sua dedicação, os pequenos serviços que ainda pode prestar, com as numerosas dezenas de ave-marias, que diz sem cessar, com o seu terço.

Rosário do moribundonas horas extremas, como um último apoio apertado em suas mãos trementes, enquanto ao lado os seus caros o recitam em voz baixa; rosário que permanecerá sobre o peito dele, juntamente com o crucifixo, para atestar a sua confiança nas misericórdias divinas e na intercessão da Virgem, da qual estava pleno aquele coração que cessou de bater.

Rosário, finalmente, da família inteirarecitado em comum por todos, pequenos e grandes; que reúne à tarde, aos pés de Maria, aqueles que o trabalho do dia tinha separado e disperso; que os reúne com os ausentes e os desaparecidos; a recordação se reaviva em uma oração fervorosa, que consagra deste modo a ligação que os reúne todos sob o cuidado materno da Imaculada Rainha do Santíssimo Rosário.

Em Lourdes, como em Pompéia, Maria quis mostrar, com inumeráveis graças, quanto Lhe é agradável esta oração, à qual Ela convida Sua confidente Santa Bernadette, acompanhando as ave-marias da criança, com o lento correr de seu belo rosário, reluzente como as rosas de ouro que brilhavam sobre seus pés (1).

(1) Discurso aos esposos, 24 de novembro e 8 de outubro, 1941.

Fonte: Livro Pio XII e os problemas do mundo moderno, tradução e adaptação do Padre José Martins, 1959. 



Fonte:

 
VISTO EM:http://osegredodorosario.blogspot.com/

domingo, 4 de dezembro de 2011

Il quarto segreto di Fatima

Il quarto segreto di FatimaIl 13 maggio del 2000 il Vaticano rivela al mondo, con una ufficialità senza precedenti nella storia della Chiesa, il Terzo segreto di Fatima: la visione di un ‘vescovo vestito di bianco’ che sale in mezzo ai cadaveri verso una croce, dove viene ucciso da alcuni soldati. Subito collegato all’attentato del 13 maggio 1981, l’annuncio tanto atteso delude molti.
Possibile che un messaggio tenuto nascosto così a lungo, e con tanta cura, si riferisca a un evento già accaduto? Perché allora aspettare quasi altri vent’anni prima di comunicarne il contenuto? Chi è realmente il vescovo vestito di bianco? Perché quel lungo silenzio e quell’isolamento imposti a suor Lucia dal 1960? E come si spiegano certe sue parole? C’è un Papa martire nel futuro prossimo della Chiesa? Perché tanti particolari della ricostruzione ufficiale sono stati contestati? Pian piano le domande imbarazzanti cominciano ad accumularsi e molti indizi delineano un altro quadro, un’altra scottante verità: forse una parte del messaggio della Madonna non è mai stata pubblicata perché troppo sconvolgente. E’ la parte che inizia con una famosa frase della Santa Vergine che suor Lucia ha lasciato in sospeso. In questo libro si tenta di ricostruire queli possono essere i contenuti di questo discorso della Madre di Dio che tanto ha sconvolto chi lo ha letto e che rimane tuttora segreto.
Il 5 luglio 2006 Solideo Paolini, un giovane intellettuale cattolico marchigiano, autore di un libro su Fatima che abbiamo spesso citato, che si dedica da anni allo studio dell’apparizione portoghese, si reca a Sotto il Monte, in provincia di Bergamo. Nel paesello di papa Roncalli trascorre la vecchiaia, dopo alcuni anni di episcopato, quello che fu il segretario personale di Giovanni XXIII, cioè monsignor Loris Capovilla. L’appuntamento fra i due è per le ore 19 presso l’abitazione del prelato.
Dopo alcuni ricordi relativi agli anni trascorsi da Capovilla a Loreto, come vescovo, Paolini avanza una domanda: “Eccellenza, il motivo della mia visita deriva dal fatto che sono uno studioso di Fatima. Siccome Lei è una fonte di primissimo piano , vorrei porLe alcune domande…”. Il vescovo inizialmente si schermisce: “No guardi, anche per evitare imprecisioni, visto che nel 2000 è stato rivelato ufficialmente (il Terzo Segreto, nda), io mi attengo a quanto è stato detto. Anche se potrei sapere pure dell’altro, bisogna attenersi a quanto detto nei documenti ufficiali”. Poi sorridente aggiunge una promessa: “Lei mi scriva le domande e così io le rispondo, vado a vedere tra le mie carte – se le ho ancora, perché io ho donato tutto al museo – e le mando qualcosa, magari una frase… Lei scriva”.
Una frase? In che senso manderà “una frase”? Cosa avrà voluto dire, si chiede il giovane studioso? Intanto monsignor Capovilla continua a esternare alcuni suoi pensieri. Paolini racconta: “Il vescovo continuava a parlare toccando vari argomenti: il rischio di prendere per manifestazioni soprannaturali quelle che sono fantasie passate per la mente; il rischio che in certe situazioni si possa diventare monomaniaci, il rischio anche di montarsi la testa. Io tacevo, ascoltavo e fra me” confida Paolini “pensavo alla povera suor Lucia… Altro che ‘incline’ a quel tipo di fenomeni: per mesi, pur dopo averne ricevuto l’ordine, non riusciva a scrivere il testo del terzo segreto, tanto ne era atterrita!”.
Intanto il vescovo Capovilla continuava a parlare e cominciò a biasimare “la facilità con cui si prendono per indemoniate persone che potrebbero avere semplicemente delle malattie mentali, da cui l’imprudenza – che lui a Loreto non ebbe – di buttarsi immediatamente sugli esorcismi quando, sia pure senza escluderli come eventuale ultima possibilità, ci sarebbe invece bisogno di confessione, Messa, comunione e, se si vuole, di una bella preghiera com’è il Rosario”. Seguirono anche alcuni aneddoti e valutazioni sui papi.
Tornato a casa, sabato 8 luglio Paolini invia al prelato le sue domande scritte, come da precedente accordo. Il 18 luglio arriva in risposta un plico. “A fianco delle mie domande circa l’esistenza di un testo inedito del Terzo Segreto che non sarebbe ancora stato rivelato, verso il quale portano tanti indizi, monsignor Capovilla (che com’è noto ha letto il Terzo Segreto) aveva scritto testualmente: ‘Nulla so’. Quella risposta” confida Paolini “mi ha sorpreso. Infatti se il testo misterioso e mai svelato fosse una balla, il prelato, uno fra i pochi a conoscere il segreto, avrebbe potuto e dovuto rispondermi che è un’idea completamente campata per aria e che tutto è già stato rivelato nel 2000. Invece risponde: ‘Nulla so’. Un’espressione che immagino volesse ironicamente evocare una certa omertà siciliana…”.
Forse era quella la “frase” promessa. Ma in realtà c’era dell’altro. Nel plico di monsignor Capovilla era contenuto anche un curioso biglietto autografo, dall’apparenza normalissima che recitava:
“14.VII.2006 A.D.
Saluto cordialmente il dr. Solideo Paolini. Gli trasmetto alcuni fogli del mio archivio. Lo consiglio di procurarsi ‘Il Messaggio di Fatima’, pubblicazione della Congregazione per la dottrina della Fede, Edizione Città del Vaticano, anno 2000. Cordialità benedicenti Loris F. Capovilla”.
Era curioso che il vescovo consigliasse a uno studioso di Fatima di procurarsi la pubblicazione ufficiale del Vaticano sul terzo segreto. Era ovvio che la possedesse già. Non sarà stato allora un invito a leggere qualcosa in particolare di quella pubblicazione in relazione ai documenti inviati dallo stesso Capovilla? Così l’ha interpretato Paolini e infatti ha trovato il punto, o meglio: “la frase”.
“Confrontando appunto tale opuscolo con le carte d’archivio che il segretario di Giovanni XXIII mi ha mandato, balza agli occhi” dice Paolini “principalmente questa contraddizione: nelle sue ‘Note riservate’ con tanto di timbro, si certifica che papa Paolo VI lesse il segreto nel pomeriggio di giovedì 27 giugno 1963; mentre il documento ufficiale vaticano afferma: ‘Paolo VI lesse il contenuto con il sostituto Sua Ecc.za monsignor Angelo Dell’Acqua, il 27 marzo 1965, e rinviò la busta all’Archivio del Sant’Uffizio, con la decisione di non pubblicare il testo’. Mi chiedo dunque: 27 giugno 1963 o 27 marzo 1965 ?”.
Potrebbe forse trattarsi di un errore? O la discrepanza nasconde la soluzione del giallo che fin qui abbiamo indagato? Con queste stesse domande Paolini prende il telefono e quello stesso giorno, alle ore 18.45, chiama direttamente monsignor Capovilla. Dopo alcuni saluti “gli faccio presente” racconta lo studioso “il contrasto tra le sue ‘Note riservate’ e quanto asserito nel ‘Messaggio di Fatima’, cui egli stesso mi aveva rinviato. Risposta: ‘Ah, ma io le ho detto la verità. Guardi che sono ancora lucido!’. ‘Per carità, Eccellenza, ma come si spiega questa certificata discrepanza?’. A questo punto mi risponde con delle considerazioni che sembrano far riferimento a eventuali lapsus della memoria, interpretazioni di quanto si intendeva dire, al fatto che non stiamo parlando di Sacra Scrittura… Obietto: ‘Sì, Eccellenza, ma il mio riferimento è a un testo scritto (il documento ufficiale vaticano), chiaro e, a sua volta, basato su appunti d’Archivio!’. Monsignor Capovilla: ‘Ma io giustifico, forse il plico Bertone non è lo stesso del plico Capovilla…’. E io subito, interrompendolo: ‘Quindi entrambe le date sono vere perché del terzo segreto ci sono due testi?’. Qui c’è stata una breve pausa di silenzio, poi monsignor Capovilla riprese: ‘Per l’appunto!’ ”.
Nota
Monsignor Capovilla non solo era presente al momento in cui Giovanni XXIII, nel 1959, fece aprire e leggere il terzo segreto, ma fu addirittura l’estensore materiale della sentenza (di “condanna”) emessa dallo stesso papa Roncalli. E’ stato inoltre, nel corso degli anni, un importante testimone per ricostruire alcuni particolari relativi all’atteggiamento dei papi sul terzo segreto. In qualche modo – per il suo legame personale con Giovanni XXIII – è lui stesso un protagonista di questa vicenda.
Cronologia
13 maggio 1917: a Fatima (in Portogallo) la Madonna appare a tre bambini
13 luglio 1917: nel corso della terza apparizione la Madonna consegna ai bambini il Segreto
1942 : vengono rivelate la prima parte (la visione dell’inferno) e la seconda del Segreto che prediceva la rivoluzione sovietica, la seconda guerra mondiale, l’espansione del comunismo e le persecuzioni alla Chiesa. La terza parte del Segreto rimane avvolta nel mistero.
1957 : il Vaticano fa inviare la busta con il Terzo Segreto a Roma.
1959 : Giovanni XXIII legge il Terzo Segreto e decide di segretarlo mentre la Madonna aveva chiesto di rivelarlo pubblicamente nel 1960.
2000 : Giovanni Paolo II rivela il Terzo Segreto (la visione del “vescovo vestito di bianco”). Ma da allora sono cresciuti i dubbi sull’interezza del Segreto rivelato

http://www.antoniosocci.com/libri/il-quarto-segreto-di-fatima/

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Roma: discurso de Dom Manoel Pestana Filho, bispo emérito de Anápolis, em conferência sobre Fátima.

Roma, 7 de maio de 2010. Dom Manoel Pestana Filho discursa em conferência sobre Fátima e apresenta o livro de Monsenhor Gherardini - Concilio Vaticano II, un discorso da fare.
Roma, 7 de maio de 2010. Dom Manoel Pestana Filho discursa em conferência sobre Fátima e apresenta o livro de Monsenhor Gherardini - Concilio Vaticano II, un discorso da fare.
Apresentamos nossa transcrição do discurso proferido por Sua Excelência Reverendíssima Dom Manoel Pestana Filho, bispo emérito de Anápolis (Goiás), no “The Fatima Challenge Conference”, em Roma, no último dia 7. De antemão agradecemos as possíveis correções feitas ao nosso trabalho.
* * *
Excelências, irmãos padres, religiosos e religiosas,
Não esperem muito de mim, pois sou baixinho, mas, em suma, devo falar alguma coisa e me pediram que, ao menos,  eu me comunicasse com vocês.
Roma, 7 de maio de 2010. Dom Manoel Pestana Filho discursa em conferência sobre Fátima e apresenta o livro de Monsenhor Gherardini - Concilio Vaticano II, un discorso da fare.
Roma, 7 de maio de 2010. Dom Manoel Pestana Filho discursa em conferência sobre Fátima e apresenta o livro de Monsenhor Gherardini - Concilio Vaticano II, un discorso da fare.
Algo que me parece sempre incerto é a questão do Concílio Vaticano II. Na última sessão, da qual participei, uma comissão foi até a Irmã Lucia, em Coimbra, e eu lhe encaminhei uma pergunta por escrito. Minha pergunta foi a seguinte: o terceiro segredo de Fátima tem alguma relação com o Concílio Vaticano II? A Irmã Lucia respondeu — não a mim, mas a um padre que fora com a comissão — “não estou autorizada a responder esta pergunta”. Isso é muito interessante. [...] é um sinal de alguma reserva no terceiro segredo e esta reserva tinha alguma relação com o Concílio Vaticano II.
Mas, como reversas com o Concílio Vaticano II? Estudei aqui em Roma, estudei Teologia, e isso me impressionava muito. Eu também tinha lido dois livros sobre Fátima, um do padre Marc, e um outro de um padre português, que tinha sido diretor espiritual num seminário brasileiro. E uma coisa interessante para mim era entender esta razão. E nesse meio tempo, soube que o Santo Padre Pio XI desejava reabrir o Concílio do Vaticano. O Cardeal Billot o advertiu: “Santidade, me parece que isso é um perigo, porque estamos no tempo dos modernistas e esses modernistas criaram muita confusão na Igreja. Se o concílio for aberto agora, todos estarão em condição de participar, porque muitos também eram hierarcas da Igreja e creio que isso seria uma magnífica confusão entre os teólogos, sacerdotes, religiosos e até o povo, porque todas estas questões que já haviam sido esclarecidas e algumas condenadas pela Igreja desde Pio X e também um pouco por Bento XV, estas questões estariam livres para discussão e creio que não seria bom para a comunicação e para a opinião católica”. Soube que o Papa levou em consideração o que havia dito o Cardeal Billot – o Cardeal Billot foi retirado do cardinalato alguns anos depois, mas esta é outra questão – mas o Papa teria dito sim, [o Cardeal] tem razão.
Soube também que Pio XII teve uma idéia [sobre um concílio] – estudei quatro anos em Roma quando ele era Pontífice – mas estas razões [mesmas] lhe fizeram pensar e naqueles anos ele havia escrito uma carta encíclica Humani Generis, onde ele condena aberta e duramente todas as posições modernistas, citando, inclusive, muitos teólogos de seu tempo. Eu depois fiz [...] um trabalho [...] sobre esta encíclica e situei muitas de suas citações [de autores] que eram anônimas, mas eram citações, nesta encíclica. Por exemplo, Padre Congar, por exemplo, Padre Schillebeecxs, e outros. [...], mas o Santo Padre havia denunciado muitos teólogos que depois fariam sucesso com os seus escritos.
E por isso creio que o Papa Bento XVI, com sua prudência e sabedoria, não tenha citado nas obras do Papa Pio XII esta encíclica. É interessante, pois me perguntaram uma vez: por que o Papa não cita a Humani Generis? Pensei, pensei, e disse: creio que se o Papa tivesse citado esta encíclica ele criaria um ambiente de oposição a Pio XII por parte de teólogos famosos que continuam tendo muita influência nas questões da Igreja e haviam sido grandes homens famosos, aplaudidos, no Concílio Vaticano II. Para mim foi uma decisão de muita prudência e sabedoria [...]. Depois, quando a questão da canonização tivesse avançado, eles tomariam certamente outra posição.
Mas retornemos. Seria possível que Nossa Senhora tivesse dito que não era de seu gosto, que não lhe agradava uma realização do Concílio? Eu não sei, mas se pode pensar. Com isso eu não quero dizer que o Concílio Vaticano não seja legítimo… e não seja também uma benção para a Igreja.
Não sei se vocês conhecem este livro de Brunero Gherardini, Concilio Vaticano II – Un discorso da fare – publicado pelos Franciscanos da Imaculada, aquela congregação fundada pelo padre Manelli, que é interessantíssimo… terrível este livro… mas mantém uma posição muito justa, muito bem fundamentada. Ele diz que no Concílio foram ditas muitas coisas  que não são boas. Um comentarista francês dizia que era necessário distinguir aquilo que foi dito no Concílio, e foram ditas tantas coisas tolas, por exemplo, quando se discutia – e com todo respeito – a maternidade divina de Maria e também Maria mãe da Igreja; um bispo mexicano, Méndez Arceo, provocou risos, muitos risos, quando disse: “isso não me agrada, pois, se Maria é mãe da Igreja, e se a Igreja é nossa mãe, Maria não será nossa mãe, mas nossa avó”. Uma piada fora de lugar, mas, em suma, tudo era possível, e era uma Excelência que falava. E outras coisas que foram ditas; evidentemente, num ambiente de discussão, pode-se dizer tanta coisa tola [...] o delito que o homem usa e abusa de dizer o que pensa. Portanto, é necessário compreendê-lo.
Mas é ainda mais interessante que muitos daqueles que foram condenados por Pio XII – De Lubac, De Le Blond, Danielou, Congar, etc – eram homens do dia, atuais, durante o Concílio.
Mas, verdadeiramente, eu soube de uma coisa interessante: um professor da  Universidade Gregoriana, que fora responsável pela comissão para os textos preliminares para o Concílio – Padre Tromp – um teólogo magnífico… Falei com ele um pouco antes de sua morte. Ele era meu professor na Gregoriana e eu até fiz um curso especial com ele. E eu perguntei como ele avaliava esta situação e ele me respondeu o seguinte: o Concílio foi um concílio bastante difícil, muito difícil, tanta energia desperdiçada, mas, em suma, uma coisa que se deve dizer é que o Concílio Vaticano II, com todas estas discussões, declarações, documentos, etc, etc, é também a indicação dada por João XXIII de ser um concílio pastoral. Até hoje não se compreende bem este sentido, sentido bem profundo de concílio pastoral. Mas sabemos que não era um concílio de definições, que terminava assim: “todos que disserem o contrário sejam anátemas, etc, etc,” como era praxe. Mas era um concílio que tratava questões católicas, religiosas e mesmo questões não religiosas, mas não concluía mais como os outros concílios, com condenações, excomunhões. Não era um concílio dogmático.
Este sacerdote, que fora nomeado chefe da comissão de redação dos textos preliminares por João XXIII, me disse: “É incrível que um Concílio assim, complexo, heterogêneo, no final das contas tenha contribuído para um dos documentos mais seguros, fundamentais da Igreja. Sim, e ele aludia ao Capítulo 8º da Lumen Gentium. Para o Padre Tromp, este documento seria um dos maiores documentos de toda a história da Igreja.
Bem, nesse Concílio havia um homem que eu admirava muito, muitíssimo, tinha lido várias vezes um de seus livros: “Teologia do Apostolado”, Cardeal Suenens e que, em suma, me fez sofrer[...]. Ele tomou a posição de comando, um comando externo, dos bispos da Alemanha e Holanda. Mas, em suma, ele era um mariólogo, um devoto de Maria e certamente ele é quem inspirou e acompanhou a redação do capitulo 8º. Bem, por que digo isso? Porque quando Suenens disse: “Santidade, não somos crianças [...]”. Recebemos uma carta, para logo ler e assinar. Nós somos bispos, nós somos sucessores dos apóstolos. Sabemos o que fazemos. [... ]. Temos que ler os esquemas e depois vamos discuti-los.
E João XXIII, vocês sabem disso, se amedrontou e disse: “sim sim, faremos um Concílio pastoral” Não há Constituições Dogmáticas num Concílio Pastoral. Faremos um Concílio para discutir as questões do momento, e não as questões de sempre, e dar a resposta convencida pela prudência e sabedoria evangélica.
O estudo feito por Gherardini considera todas essas questões e diz claramente: o Concílio é uma grande graça para o mundo, e também é este concílio, tantas coisas são ditas, mas não há nenhum peso dogmático. [..] Há coisas que podemos chamar de incertas… até alguns teólogos depois do Concílio Vaticano II disseram que a linguagem da teologia de hoje é uma linguagem de incertezas, não há nenhuma certeza em suas declarações.
Assim, me parece que isso explica que tantas coisas tenham chegado a nós com muito pouco fruto. Pelo contrário. Vejamos. Dentro do Concílio Vaticano II, não nas reuniões, foram feitos acordos com os representantes da Rússia para que não se falasse do comunismo, não se falasse de Rússia. Mas isso é o contrário da mensagem de Fátima. O centro da mensagem [...] era a Rússia, da qual virão grandes males para a Igreja e para o mundo. Mas fizeram um acordo. Ah sim! Porque havia bispos ortodoxos [para participar do Concílio]. E nós sabemos hoje que muitos bispos não só na Rússia, mas na Polônia e outros lugares, para não terem obstáculos da parte do governo comunista, faziam vistas grossas a certas coisas. Por exemplo: nós sabemos que este escândalo ocorreu na Polônia de um arcebispo que fora nomeado e que no momento de tomar posse da diocese ele simplesmente disse: “não, não posso tomar posse, porque encontraram um documento assinado por mim que me permitia sair da Polônia para estudar em Roma com a condição de colaborar com o governo sobre as coisas da Igreja que lhe interessavam.”. Este é o problema. [...] O arcebispo de Kiev, que era um homem que se aproximou muito de João Paulo I, na última audiência, morreu lá diante do Papa. Ele não era ninguém menos que um chefe da KGB e era arcebispo de Kiev. Coronel da KGB. [...] É um trabalho de muito tempo de infiltração na Igreja Católica, e se pode dizer que também o fato de Judas fazer parte do colégio apostólico, não disse nada contra Cristo, e no último momento quis lhe trair: “amigo, a que viestes?”. [...] Há momentos extremos de traição e por isso o Senhor tem muitos e muitos caminhos. [...]
Por outro lado, por exemplo, nós sabemos da influência da maçonaria no último Concílio não foi pouca, porque o próprio Monsenhor encarregado da liturgia – Bugnini – tinha escrito uma carta ao chefe da maçonaria italiana, dizendo que pela liturgia havia feito tudo que era possível; tudo aquilo, segundo recebeu instruções, mais não poderia ser feito. [...]  Um padre polonês que encontrou este ofício o levou imediatamente a Paulo VI, que o mandou para fora de Roma, na nunciatura no Irã. Até Monsenhor Benelli, que era o braço direito do Papa, também foi retirado de Roma e estranhamente ambos morreram pouco depois em circunstâncias misteriosas. Dizíamos que era uma queima de arquivo. Entendem, não?
Quero dizer que mesmo os inimigos estando presente dentro da Igreja, isso não deve nos atemorizar, pois o próprio Cristo já contou aquela parábola [...] do trigo e do joio juntos e o Senhor disse “deixai crescer”, depois, na hora da colheita se separará os dois. Pois os maus, como diz Santo Agostinho, ou existem para se converter ou para nos santificar. E isso é verdade. [...] O Senhor, no antigo testamento, deixava os povos bárbaros e desumanos presentes e próximos do povo eleito para garantir a sua fidelidade e seu espírito de sacrifício. E por isso não devemos de maneira alguma pensar que estes problemas possam abalar a nossa fé. Absolutamente!
Uma vez, quando disse um pouco dessas coisas num encontro de bispos, um deles se levantou e me disse: “Você não crê no Espírito Santo?”. Eu disse: “Creio sim, e por isso estou aqui, porque creio no Espírito Santo e sei que as portas do inferno não prevalecerão”. “Eu estarei convosco até o fim do mundo”, tenhamos esta certeza absoluta, não podemos duvidar daquilo que Cristo disse. Isso seria um suicídio religioso. Se não creio em Cristo, em que acreditaria? Em meu pai, em minha mãe, em meu amigo, no Papa? Se não creio em Cristo… e por isso estou seguro, seguro com armas, com sofrimentos, com sangue, sim, sim, é verdade. Quando penso, por exemplo, no Pe. Gruner, vejo nele um mártir da Igreja moderna, sem dúvida. Não se pode compreender a sua vida sem a palavra de Deus que diz: “o reino dos céus é sofre violência, e são os violentos que o alcançam”.
Creio que poderia dizer – digo como uma palavra minha — e suspeitar que o Concílio Vaticano II está relacionado [...] com o terceiro segredo de Fátima. Alguns de vocês me dirão: “mas isso não é atual”. Mas é atual sim, pois se nós publicamos isso, teremos que enfrentar o temor de nossos fiéis que dirão: “O que? Vocês não acreditaram?”… Porque me dirão que eu fui fraco, que eu fui estúpido… essas não são justificativas para que eu possa dizer: “não sou responsável” ou “não estava nessas coisas”.
[...] victoria quae vincit mundum: fides nostra. A nossa fé é a vitória que vence o mundo. Que vence o mundo! Eu estarei convosco até a consumação dos séculos. As portas do inferno com ela. Nem a maçonaria que é o corpo místico de Satanás, nem as heresias são realmente a lepra da nossa Igreja, mas que encontram sempre na graça de Maria e no amor de Cristo um remédio salutar para todos os males, nada disso me deve fazer perder a coragem ou deixar de lutar.
Um dia eu falava na conferência dos bispos do Brasil contra o aborto, porque eu trabalho muito – poderia e deveria ter trabalhado ainda mais. E um bispo me disse: “Mas Dom Pestana, o senhor tem que entender que não podemos perder tempo [...] com uma batalha perdida. O aborto vem! Como veio para quase todas as nações. Não se pode perder tempo com essas coisas”. E eu disse: “Excelência, Deus não te julga se ganhamos ou não a batalha, mas se lutamos e se lutamos bem”. E assim penso que vocês estão fazendo, e por isso estou aqui com a alma renovada, encorajado [...] mesmo com o meu joelho com duas placas de metal.
Deve-se pensar nisso: eu devo lutar. [...]. Sempre recordo de uma estória, e gosto de contar estorinhas [...] para ensinar o catecismo. Um elefante corria na África e, de repente, uma formiga na sua orelha lhe diz: “Elefante, olhe para trás, veja quanta poeira estamos fazendo”. Nós estamos fazendo. E pensamos que somos nós que estamos fazendo. E por isso o personalismo no apostolado é um grande perigo. É Deus quem faz, e só quando os homens se convencerem que Deus faz aquilo que nós fazemos é que acreditarão em nós. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, Amém.
* * *
http://fratresinunum.com/tag/crise-pos-conciliar/page/2/

sábado, 29 de outubro de 2011

MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM PARIS, FRANÇA (1830)

 
 
"Minha filha, a cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés".
— Maria Santíssima à Catarina Labouré, profetizando os trágicos acontecimentos que sobreviriam para a França e se desdobrariam para o mundo todo.
Uma das últimas coisas que se esperava em meio a fúria social sem precedentes da França revolucionária em 1830, era a repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo.

A medalha milagrosa

Revolução francesa
Em meio a fúria social da França revolucionária, em 1830 ocorre uma repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo
Esse retorno é mencionado na maioria dos livros da história, embora os historiadores evitem citar os motivos dessa nova eclosão de fé.
E a razão desse retorno à fé deu-se devido à circulação de uma medalha cunhada a partir de uma importante aparição de Maria Santíssima.
Em consequência das inumeráveis graças alcançadas tornou-se conhecida popularmente como “medalha milagrosa”. A essa devoção atribuiu-se milagres espantosos, conversões eloquentes, sobretudo, curas notáveis por ocasião da terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, que atingira Paris entre março a julho de 1832.
Rapidamente e sem explicação, essa medalha passou a ser sinal de união entre os que a possuíam e a traziam consigo. Foi a medalha religiosa mais difundida de todos os tempos.

Com Seus pés virginais, a Mãe do Verbo esmaga a cabeça da infernal serpente

Nossa Senhora das Graças
Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando graças, ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente
Naquele momento tão conturbado e decisivo, que determinaria a história da França e, posteriormente de todo o mundo, a Medalha Milagrosa surgia como um sacramental repleto de riquíssimo simbolismo cristão.
Numa das faces da Medalha, vê-se Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando Suas graças, simbolizadas por raios de luz sobre os fiéis. Ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente. Em redor, emoldurando a Virgem, a oração "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".
Na face oposta, figuram a letra M encimada pela Cruz, e abaixo os Sagrados Corações de Jesus e de Maria. Circundando esse conjunto, doze estrelas que aludem claramente a célebre passagem do Apocalipse:
"Uma mulher vestida de sol, e a luz debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap 12,1).
Convém refletirmos que, em plena apoteose anticlerical e exarcebado endeusamento da razão sobre a Fé, a Mãe do Verbo, em pessoa, vem revelar Sua identidade através de um pequeno objeto, uma medalha, destinada a todos sem distinção.
Desde os primeiros tempos da Igreja a identidade de Maria era objeto de controvérsia entre teólogos. Em 431, o Concílio de Éfeso tinha proclamado o primeiro dogma marial: Maria é mãe de Deus.
A partir de 1830, a invocação “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”, que sobe ao céu, milhares e milhares de vezes repetida por milhares e milhares de corações de cristãos do mundo inteiro, a pedido da própria Mãe de Deus, revela-se como claro e determinante desígnio do Céu em resposta ao voluntário afastamento do homem ocidental às suas milenares raízes cristãs.
A despeito de sua humanidade, mas sob o influxo do Espírito Santo, é fato histórico incontestável que o Ocidente vinha sendo cristianizado, até então, pelo esforço heróico e paciente da Igreja Católica. (Cf. 16.- O que realmente significa a expressão “idade das trevas”).

A Santíssima Virgem prenuncia graves calamidades que sobreviriam sobre a França e a Igreja

Catarina Labouré
Catarina Labouré, humilde instrumento de Maria Santíssima na França
Detalhes dessa aparição de Maria Santíssima e o conteúdo da mensagem permaneceram ocultos. O pleno reconhecimento deu-se algum tempo depois da morte da vidente, uma noviça chamada Catarina Labouré, em 1876 — 46 anos depois de ocorrida a aparição.
As profecias de Maria Santíssima feitas à Catarina Labouré, grande parte delas referentes à França de então, cumpriram-se à risca.
Entre essas profecias, a de que “graves calamidades” sobreviriam sobre a França e a Igreja, além de que a cruz seria outra vez “calcada aos pés” concretizaram-se quarenta anos depois.

"Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"

Catarina Laboure
Pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"
Mas para compreendemos os desígnios de Deus com essa grande intervenção celestial na história, além do contexto histórico político e social, convém conhecermos a infância e a formação de sua principal protagonista, Catarina Labouré, a quem a Mãe do Verbo revelou essa devoção.
Nascida em 1806, em Fain-les-Moutiers, província francesa da Borgonha, Catarina era filha de Pierre Labouré, dono de uma pequena propriedade rural. Sua mãe, Madeleine Gontard, pertencia a uma família distinta, relacionada com a nobreza da região.
Ainda era criança quando perdeu sua mãe aos 9 anos de idade. Imersa em grande desolação, a pequena subiu a um móvel que havia na casa, abraçou uma imagem de Nossa Senhora que lá se encontrava e, chorando, pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!".
Como veremos a seguir, essa inocente consagração da pequena órfã obteve de Deus a graça de ganhar a predileção da Santíssima Virgem —a Mãe do Céu.

"Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso"

Casa de Catarina Labouré
Entrada da propriedade rural em que Santa Catarina Labouré nasceu
Maria Luísa, irmã mais velha de Catarina, ingressou na Congreção das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo em 1817. Desde então, apesar de menina, Catarina assumia as responsabilidades da casa juntamente com Maria Antonieta, sua irmã dois anos mais nova.
Aos 18 anos teve um misterioso sonho que dizia respeito à sua vocação. Sonhou que estava na igrejinha de Fain-les-Mountiers assistindo a uma missa que era celebrada por um sacerdote idoso, com um olhar que lhe causava forte impressão. Concluída a celebração, o sacerdote a chamou. Temerosa, hesitou em aproximar, mas sentiu-se fascinada pelo extraordinário brilho daquele olhar.
Ainda nesse mesmo sonho, reencontrou-se com o bondoso sacerdote que lhe disse: "Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso".
Catarina somente foi entender esse incompreensível sonho quando, algum tempo depois, viu um quadro de São Vicente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. Na figura daquele quadro a jovem reconhecia o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho.

Primeiras visões sobrenaturais

São Vicente de Paulo
Viu um quadro de São Vicente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. A jovem reconheceu nele o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho
Aos 23 anos de idade Catarina ingressava na Congregação das Filhas da Caridade, em Châtillon-sur-Seine, depois de uma longa resistência de seu pai. Em abril de 1830 transferia-se como noviça para uma casa da Congregação, localizada na Rue du Bac, em Paris.
Naqueles dias de sua chegada, um magnifício relicário de prata peregrinava com o corpo prodigiosamente conservado de S. Vicente de Paulo, que falecera 170 anos antes. Catarina estava presente na cerimônica realizada com a participação do Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen, de oito Bispos e do próprio Rei Carolos X.
Foi então que poucos dias depois, Catarina teve suas primeiras visões sobrenaturais.
Ela mesma narra:
"O coração de São Vicente me apareceu três vezes de modo diferente, três dias seguidos: claro, cor de carne, o que anunciava paz, calma, inocência e união. Depois o vi vermelho cor de fogo, o que devia inflamar a caridade nos corações. Parecia-me que toda a comunidade devia se renovar e se estender até os confins do mundo. Por fim o vi vermelho-negro; o que me punha a tristeza no coração; vinham-me tristezas que eu tinha dificuldade em superar. Não sabia porque nem como, essa tristeza se relacionava com a mudança de governo".
Essa visão de Catarina que conclui com uma tristeza relacionada com a mudança de governo é extremamente interessante no contexto do nosso estudo, conforme veremos.

Estava claro para Catarina que a visão sobrenatural aludindo à queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França

Abade Aladel
Abade Aladel, diretor espiritual de Catarina
Ao revelar essas visões ao seu diretor espiritual, o cauteloso Pe. João Maria Aladel, recebeu dele o desencorajador conselho: "Não escuteis essas tentações. Uma Filha da Caridade foi feita para servir aos pobres, não para sonhar". Mais tarde, Catarina revelaria que durante o tempo de seu noviciado, ela tinha o privilégio de ver Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Mas seu confessor a desestimulava sobre esses relatos, mantendo rígida postura sobre o que ele interpretava como suposta "ilusão". O que resultou em grande provação para a religiosa.
Catarina conta que numa dessas visões, "Nosso Senhor me apareceu como um Rei, com a cruz sobre o peito, no Santíssimo Sacramento. Foi durante a Santa Missa, no momento do Evangelho. Pareceu-me que a Cruz escorregava para os pés de Nosso Senhor. Pareceu-me que Nosso Senhor era despojado de todos os seus ornamentos. Tudo caiu por terra. Foi então que tive os mais negros e tristes pensamentos de que o Rei da Terra seria perdido [destronado] e despojado de suas vestes reais".
Essa visão ocorreu no dia da Santíssima Trindade, a 6 de junho de 1830, sete semanas antes de se inciarem as agitações que culminaram na deposição do Rei Carlos X. Estava claro para Catarina que a queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França de então. Seu confessor, mais uma vez, não deu importância ao aviso. Afinal, o trono de Carlos X parecia mais do que nunca consolidado. A Monarquia francesa acabara de conquistar a cidade de Argel, no Norte da África.

"Vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera!"

Aparição da Santíssima Virgem
O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem"
A primeira vez que Catarina vê Maria Santíssima foi na noite de 18 para 19 de julho de 1830, festa de S. Vicente de Paulo. A comovente descrição dessa visão é relatada por ela com grande beleza e simplicidade:
"Haviam-nos distribuído um pedaço do roquete de linho de São Vicente. Eu cortei a metade e a engoli, e adormeci com o pensamento de que São Vicente me obteria a graça de ver a Santíssima Virgem.
"Afinal, às onze e meia da noite, ouvi me chamarem pelo nome: Irmã Labouré! Irmã Labouré! Acordando, olhei para o lado de onde vinha a voz, que era o lado da passagem. Corro a cortina e vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera! (...)
"Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino, que tinha ficado de pé, sem avançar além da cabeceira de minha cama. Ele me seguiu, ou melhor, eu o segui, com ele sempre à minha esquerda, levando claridade pelos lugares onde passava. Por todos os lugares onde passávamos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocara com a ponta do dedo. Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me fazia lembrar a missa de meia-noite.
"Entretanto, não via a Santíssima Virgem. O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem".

"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem"

Nossa Senhora das Graças
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida"
Catarina prossegue sua narração descrevendo o momento mais intenso de sua vida humilde de Filha de Caridade. Sob a orientação de seu anjo de guarda, que se apresenta na forma de um menino vestido de branco, a jovem religiosa se depara frente a frente com a Mãe de Jesus:
"Ouvi então um ruído, como um frufru de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, junto ao quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira semelhante à de Sant'Ana...
"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem.
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida. Não me seria possível dizer tudo o que senti. Ela me disse como eu devia me conduzir em relação ao meu diretor espiritual, e várias coisas que não devo dizer; a maneira de me conduzir em meus sofrimentos; vir lançar-me ao pé do altar (e me mostrava com a mão esquerda o pé do altar) e ali abrir o meu coração. Ali receberia todas as consolações de que tivesse necessidade. Então eu lhe perguntei o que significavam todas as coisas que eu tinha visto, e Ela me explicou tudo".
Esse maravilhoso encontro com o Céu prolongou-se por cerca de uma hora e meia.

"Dizei tudo com simplicidade e confiança, não temais"

Santa Catarina Labouré
Catarina nunca revelou a ninguém que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa
Num manuscrito posterior, Catarina foi mais explícita e revelou algo mais do que ouviu da Santíssima Virgem sobre a missão que Deus lhe confiava e sobre as dificuldades que encontraria para cumpri-la. Recomendou ainda para que contasse tudo ao seu confessor, orientando-se como devia se portar com relação a ele: (1)
“Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muito que sofrer, mas superareis esse sofrimentos pensando que o fareis para a glória de Deus. (...) Sereis contraditada. Mas tereis a graça, Não temais. Dizei tudo [a vosso confessor] com confiança e simplicidade. Tende confiança, não temais”.
Realmente, Catarina revelaria um heroísmo incomum. Desde 1831, quando fora transferida para a Rue du Bac, para o Asilo Enghien, no bairro parisiense de Reuilly, prosseguiria oculta e apagada em seus afazeres, cuidando dos pobres, como uma freira comum. Nunca revelou a ninguém, nem deu a entender que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa.

"O trono será novamente derrubado"

Carlos X
Carlos X, rei de França (Versalhes, 9 de outubro de 1757 - Gorizia, 6 de novembro de 1836)
Confirmando a visão sobrenatural que Catarina tivera de Jesus que Se apresentava como Rei sendo destronado, a Mãe do Verbo profetizou:
“Os tempos serão maus. Os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transformado por males de toda a ordem. (A Santíssima Virgem tinha um ar muito triste ao dizer isso). Mas vinde ao pé deste altar. Aqui as graças serão derramadas sobre todas as pessoas, grandes e pequenas, que as pedirem com confiança e fervor”.
Essa revelação sobre a queda do trono da França, considerada a nação filha primogênita da Igreja, deixa claro que o fim da "cidade de Deus", no dizer de Agostinho abriria caminho para a "cidade do Homem", com sua cultura de morte, desencadeadora de eventos cruciantes nos anos que se seguiriam.
De fato, o espírito revolucionário dessa época exerceu grande influência na formação do que atualmente se denomina "civilização pós-cristã".

Solicitudes maternais com relação a comunidade religiosa de Catarina

Catarina Labouré
A Mãe do Verbo revelou Seus cuidados maternais, para com as duas comunidades fundadas por São Vicente de Paulo
Prevendo a gravidade desses tempos, a Mãe do Verbo revela Seus cuidados maternais, fazendo recomendações sobre a comunidade das Filhas da Caridade, a que pertencia Catarina, e dos Sacerdotes da Congregação da Missão (Lazaristas), também fundados por São Vicente de Paulo:
"Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu gosto muito dela, felizmente. Sofro, porém, porque há grandes abusos em matéria de regularidade. As Regras não são observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades. Dizei-o àquele que está encarregado de vós, ainda que ele não seja o superior. Ele será encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas de tempo e as visitas".
Tais solicitudes maternais de Maria Santíssima para com as congregações religiosas são comuns na história da Igreja ao longo desses dois milênios. (Cf. 17.- MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM QUITO, EQUADOR, (1594) e também 59.- MENSAGENS DE MARIA SANTÍSSIMA EM LAUS, FRANÇA (1664)).

"Este convento terá a proteção de Deus"

Nossa Senhora das Graças
Essa aparição de Maria Santíssima foi reconhecida pela Igreja Católica sob a invocação de Nossa Senhora das Graças
Prometendo Sua incessante proteção, a Virgem prosseguiu:
"Conhecereis minha visita de e a proteção de Deus, e a de São Vicente, sobre as duas comunidades. Tende confiança! Não percais a coragem. Eu estarei convosco. Mas não será assim com outras comunidades".
E realmente não foi.
Os acirrados ataques anticlericais motivados pelos falsos ideais da Revolução Francesa e do comunismo nascente culminariam em terríveis conflitos.
No entanto, no momento dessa mensagem, tudo parecia calmo e ninguém poderia imaginar o que se seguiria num futuro próximo.
O sopro anárquico e libertário novamente se difundiria pelo tempo e pela história, a partir de então, até a Revolução de maio de 1968 na Sorbonne, Paris.

"A cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés"

Darboy
O arcebispo de Paris, dom Georges Darboy, (1813 - 1871), mais tarde tornou-se acirrado inimigo da mensagem de La Salette
Antevendo em 40 anos os terríveis acontecimentos que viriam com as agitações da Comuna e o assassinato do Arcebispo de Paris, Maria Santíssima promete Sua especial proteção aos filhos e às filhas de S. Vicente de Paulo.
Expressando infinita tristeza, a Mãe do Verbo profetiza claramente os horrores
"Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris, haverá vítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) morrerá.
"Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem não podia mais falar; o sofrimento estava estampado em seu rosto).
A Santíssima Virgem estava referindo-Se ao arcebispo dom Georges Darboy, que mais tarde se oporia à mensagem de La Salette e ao próprio papa.
Realmente o bispo Darboy caiu vítima da fúria maçônica da Comuna. A caminho do muro de fuzilamento, ele protesta, alegando que sempre defendera a liberdade. Ao que um dos verdugos lhe responde: “Cala-te! A tua liberdade não é a nossa!” Tal foi o triste fim do arcebispo de Paris, naquele 24 de maio de 1871. (2) (Cf. 27.- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846) ).

"Minha filha, o mundo todo estará na tristeza"

Capela
A intervenção de Maria ocorrida na Rue du Bac está intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período
Prometendo graças especiais à Sua escolhida, e recomendando-lhe sobre a necessidade da oração, com grande pesar, a Mãe do Verbo despede-Se deixando claro que uma grande desolação espiritual se abateria sobre o mundo a partir de então:
"Minha filha, me dizia Ela, o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isso se daria. E compreendi muito bem: quarenta anos".
Como veremos em nosso estudo, a aparição de Maria Santíssima à Catarina Labouré, ocorrida na Rue du Bac, estará intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período que engendraria o que hoje temos a desdita de conhecer sob a denominação de "civilização pós-cristã".
(Cf. 27.- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846), 41.- MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM LOURDES, FRANÇA (1858), 32.-Citações interessantes sobre o terceiro segredo de Fátima).

Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos em que a civilização cristã se encontra ameaçada

Renascença
A Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa
Sobre o contexto histórico desse período, citamos Armando Alexandre dos Santos. "As sucessivas transformações políticas na França do século XIX foram determinadas, em última análise, por uma filosofia revolucionária profundamente anticatólica. Costuma-se situar a tomada da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789, o início da Revolução Francesa, que tanta e tão má inflência haveria de desempenhar até os nossos dias".
"Na realidade, prossegue o autor, a Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa. Se quisermos seguir o curso da História depois disso, chegaremos ao comunismo e, ultimamente, a novas formas ainda mais requintadas do mesmo espírito revolucionário: o hippismo, o neo-tribalismo ecologista, etc".
De fato, tudo isso é historia. E aqui chamamos atenção para o fato de que os embriões desse espírito revolucionário, determinantemente anticlerical e mesmo anticristão, foram gestados à sombra das sociedades secretas. E, a partir delas, sutilmente, tornou-se o estopim incitador das massas através de suas doutrinas, filosofias e hábeis propagandas de mobilização de opinião, que resultaram na alteração de valores e padrões comportamentais milenarmente consolidados sobre o cristianismo. (Cf. 18.- Alguns atuais vestígios da nociva influência das sociedades secretas).
Portanto, Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos, em que a civilização cristã se encontra ameaçada e dissociada de seus reais valores, fragilizada pelas imposturas do governo oculto. (Cf. 22.- Estranhas conexões).

Graças especiais serão concedidas a todos que as pedirem, mas é preciso rezar

Nossa Senhora das Graças
Em 27 de novembro de 1830, Maria Santíssima apresenta-Se à Catarina flutuando envolta em gloriosa luz dourada
Em 27 de novembro de 1830, quatro meses depois da primeira aparição, mais uma vez Maria Santíssima, agora flutuando envolta em gloriosa luz dourada, apresenta-Se à Catarina.
A própria vidente relata:
“Vi a Santíssima Virgem à altura do quadro de São José. A Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, vestida de branco, com um vestido de seda branco-aurora (...) com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, bem descoberto mesmo, os pés apoiados sobre uma esfera, quer dizer, uma metade de esfera (...) tendo uma esfera de ouro, nas mãos, que representava o globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do cinto de uma maneira muito natural, os olhos elevados para o Céu (...) seu rosto era magnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo (...) E depois, de repente, percebi anéis nos dedos, revestidos de pedras, mais belas umas que as outras, umas maiores e outras menores, que despendiam raios mais belos uns que os outros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés (...) Nesse momento em que estava a contemplá-La, a Santíssima Virgem baixou os olhos, olhando-me. Uma voz se fez ouvir, e me disse estas palavras:
"—A esfera que vedes representa o mundo inteiro, particularmente a França (...) e cada pessoa em particular (...)
"Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi: a beleza e o fulgor, os raios tão belos (...)
"É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que pedem, fazendo-me compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as (...)"

"As graças serão abundantes para as pessoas que usarem a Medalha com confiança"

Medalha milagrosa
Apenas em 1895, foram concedidos à Medalha Milagrosa missa e ofício próprios dentro da liturgia católica romana
Nesse momento, em torno da Santíssima Virgem, forma-se o quadro vivo que seria cunhado na singela devoção da Medalha Milagrosa.
"Formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia, no alto, estas palavras: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós, escritas em letras de ouro. A inscrição, em semicírculo, começava à altura da mão direita, passava por cima da cabeça e acaba na altura da mão esquerda (...)
"Então uma voz se fez ouvir, e me disse: Fazei, fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que as usarem com confiança...".
"Nesse instante, pareceu-me que o quadro se virava e vi o reverso da medalha: um grande M encimado por uma barra e uma cruz; abaixo do M estavam os corações de Jesus e Maria, um coroado de espinhos, o outro traspassado por uma espada.”

"Esses raios são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem"

Convento na Rue Du Bac
Convento na Rue Du Bac, Paris, local da primeira aparição da Virgem
Não sei explicar o que senti ao ouvir isso, o que vi, a beleza e o fulgor dos raios deslumbrantes.
'Eles [os raios] são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas se esquecem de pedir.'
A esfera dourada desapareceu no brilho dos feixes de luz que irrompiam de todos os lados; as mãos voltaram-se para fora e os braços inclinaram-se sob o peso dos tesouros de graças obtidas.

Conversões e curas milagrosas

Princesa Isabel e seu neto D. Pedro II
A Princesa Isabel, grande devota da Medalha Milagrosa. Nesta foto com seu neto e sucessor, D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança
Dois anos depois, as Irmãs de Caridade da ordem de Catarina começaram a dar a medalha aos doentes e pobres de quem cuidavam. Imediatamente entendeu-se que a origem da medalha era santa.
Em breve, alguns pacientes relatavam conversões e curas milagrosas.
A partir de então, a medalha passou a ser conhecida não apenas em Paris, mas em todo o mundo, como a Medalha Milagrosa. Até os dias de hoje, curas e conversões semelhantes continuam a ocorrer.
Algumas conversões chamavam atenção, como a do jovem banqueiro judeu, Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, aparentado com a riquíssima família Rotschild. Em viagem a Roma, sem esconder sua antipatia pela Fé Católica, converteu-se subitamente na Igreja de Santo André delle Fratte.

Uma espetacular conversão que comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial

Alphonse Charles Tobias Ratisbonne
Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, judeu que se converteu ao Cristianismo por intervenção da Maria Santíssima
Segundo a imprensa da época noticiou com grande surpresa e admiração, Alphonse afirmou corajosamente que a Virgem Santíssima havia lhe aparecido com as mesmas características da medalha milagrosa. "Ela nada disse, mas eu compreendi tudo", afirmou.
Naquele mesmo ano Alphonse Ratisbonne, logo após ter sido agraciado com a visita da Mãe do Verbo, rompeu um promissor noivado e se tornou noviço jesuíta. Mais tarde se ordenou sacerdote e prestou relevantes serviços à Santa Igreja, sob o nome de Padre Afonso Maria Ratisbonne.
Soube-se que quatro dias antes de sua feliz conversão, o jovem israelita aceitara, por bravata, a imposição de seu amigo, o Barão de Bussières: prometera rezar todo dia um "Lembrai-vos" (conhecida oração composta por São Bernardo) e levar ao pescoço uma Medalha Milagrosa. E ele a trazia consigo quando Nossa Senhora lhe apareceu.
Essa espetacular conversão comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial, tornando ainda mais conhecida, procurada e venerada a Medalha Milagrosa. (3)

Em 1876, ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas havia se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da Fé cristã

Nossa Senhora das Graças
Catarina Labouré distribuindo a medalha milagrosa para soldados da Comuna, em 1871
De acordo com as fontes mais antigas, apesar de todo ceticismo e resistência de seu confessor por aquelas experiências místicas, é interessante o fato de que a própria Virgem tenha solicitado a Catarina que se cunhasse uma medalha com Sua imagem e com os dizeres por Ela apresentados na visão.
De fato, Pe. Aladel, seu diretor espiritual, somente sentiu-se encorajado após contar ao Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen as visões de Catarina, ocultando-lhe o nome da vidente.
O Arcebispo, diferentemente da atitude cética de Aladel, imediatamente soube reconhecer a intervenção celestial e aprovou a iniciativa, incentivando a confecção da medalha. Finalmente, o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribui-las a pessoas que o visitavam, embora sem saber quem era a freira privilegiada que recebia as visitas da Mãe da Igreja.
Registros oficialmente aceitos mencionam que os primeiros inquéritos sobre a autenticidade da aparição só se realizaram em 1836, mas a circulação da medalha foi aprovada em 1832. Em 1836, dois milhões de medalhas haviam se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da fé cristã numa época tão conturbada e revolucionária.
Em 1876. ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas já circulavam pelos cinco continentes, e os registros de milagres chegavam de todos os lados: Estados Unidos, Polônia, China, Etiópia.

O instrumento de Maria Santíssima, uma humilde cozinheira do asilo Enghien

Santa Catarina Labouré
Em obediência à espiritualidade de São Vicente de Paulo, Catarina viveu o Evangelho santamente, legando-nos uma bela devoção à Maria Santíssima
Ao longo de sua vida, toda passada no cuidado de crianças, pessoas idosas e doentes, Catarina provou ser uma amável companheira de suas irmãs e uma excelente guardiã dos necessitados. Viveu com excelência a espiritualidade de seu pai espiritual, S. Vicente de Paulo, agindo sempre como uma verdadeira Filha da Caridade.
Jamais revelou a qualquer pessoa as suas visões, salvo ao seu Confessor e, no final de sua vida, à sua Superiora, sempre por ordem da própria Imaculada.
Após a última aparição Catarina foi imediatamente designada para ser cozinheira no asilo de Enghien, na cidade de Reully.
O pesquisador Swann lembra que, com essa ocupação humilde, o instrumento de Maria Santíssima viveu no asilo os 46 anos seguintes, guardando silêncio voluntário sobre aqueles seus contatos com o Céu. (4)
No último dia do ano de 1876, Catarina entregou sua puríssima alma a Deus. Seu corpo foi sepultado em 3 de janeiro de 1877. Ao ser exumado em 1933, mostrou-se incorrupto, conservado íntegro e flexível.
"O médico que procedeu à exumação, vendo o corpo tão flexível, teve a idéia de levantar as pálpebras de Santa Catarina, e recuou imediatamente, estarrecido pelo pródígio: não apenas as pálpebras se abriram sem dificuldade, mas os olhos azuis que haviam contemplado Maria Santíssima conservavam-se límpidos e belos". (5)
Em 1894, a Igreja instituiu, a 27 de novembro, a festa litúrgica de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, com Missa e Ofício próprios.
O processo de beatificação de Catarina, introduzido em 1907, foi concluído em 28 de maio de 1933. Da Basílica Vaticana, Pio XII solenemente declarou-a Bem-Aventurada. Catorze anos depois, em 27 de julho de 1947, Pio XII canonizou-a.
Catarina Laboure
Em 1933, o corpo de Catarina, que havia muito tempo sepultado, foi exumado e o exame médico considerou-o em perfeito estado de conservação, com os olhos ainda azuis (sabe-se que depois da morte os olhos sempre escurecem e se decompõem rapidamente). O corpo de Catarina foi trasladado para capela do convento da rue du Bac, onde, durante algum tempo, pôde ser visto através de um vidro protetor. Atualmente, o corpo está sob o altar construído no lugar da primeira aparição da Virgem Santíssima na capela do convento. Em média, recebe mais de mil visitantes por dia, maravilhados e cheios de veneração
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Fontes de consulta:
1 -               SANTOS, Armando Alexandre dos. A verdadeira história da Medalha Milagrosa. Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 1998.
2 -               CESCA, Olivo. A Profetiza dos tempos finais. p. 22. Editora Myrian, 1998.
3 -               DIAS, João Clá.  A Medalha Milagrosa. História e celestiais promessas. http://www.joaocladias.org.br/livros.asp
acesso em 12/01/2009.
(Cf. Mémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Paris, 1957.
L’itinéraire de la Vierge Marie, Pierre Molaine, Éditions Corrêa, Paris, 1953.
Vie authentique de Catherine Labouré, René Laurentin, Desclée De Brouwer, Paris, 1980.
Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981.)
4 -               SWANN. op. cit. pp. 81-82. (Cf. ENGLEBERT, Omer. Catherine Labouré and the modern apparitions of Our Lady. New York, P. J. Kennedy & Sons, 1958; LAURENTIN, René. Catherine Labouré. Paris, Desclée de Brower, 1981).
5 -                SANTOS. op. cit. pp. 38-39.
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011